terça-feira, 3 de maio de 2011

Sábado no Parque Municipal



A manhã estava linda: sol, a vegetação muito verde, pessoas andando, correndo, apreciando a beleza do Parque Municipal. E, em uma das entradas, gente tentando defender a permanência dos gatos que moram ali, alguns há 12 anos.Tinha gente de todas as idades. Mas todos empenhados em enfrentar a Prefeitura que, sem nunca ter feito nada para amenizar a situação, agora, de repente, vem culpar os gatos por um suposto desequilíbrio ecológico e até pela queda de árvores infestadas de cupins...

As falas foram muito variadas. O representante da organização Gato Negro lembrou que “animal não é produto”, contra o comércio em torno dos bichos. Pessoas falaram do amor que sentem pelos animais, citaram poemas, frases de artistas como Da Vinci que, um dia, afirmou que o gato é simplesmente a perfeição.

Nós fomos e levamos a solidariedade do Grupo de controle de zoonose, da FAFICH à causa- mas ponderando que, pela nossa experiência, é preciso negociar. E negociar sempre implica fazer concessões de lado a lado- o que é muito difícil. No nosso caso, salvamos da morte os animais da FAFICH, conseguimos encaminhar para adoção, em três anos, cerca de 150 gatos. Mas 30 deles, todos adultos, vivem hoje num gatil com poucas chances de adoção.

O gatil foi construído segundo as necessidades dos gatos: tem uma área razoável, uma espécie de escaninho para eles dormirem, uma parte de área coberta para se protegerem do frio, e outra aberta para que possam tomar sol. O chão é ladrilhado para que seja feita a limpeza. E eles são alimentados e assistidos por veterinários. Mas, para os gatos que estavam acostumados com a liberdade e os espaços dos jardins da FAFICH, naturalmente houve uma perda de qualidade de vida.

Enfim, a nossa posição é esta: Prefeitura e defensores de animais devem se sentar em torno de uma mesa e negociar. Caso a Prefeitura parta para uma ação autoritária, simplesmente retirando os gatos do Parque, estará se arriscando a provocar uma tragédia na vida de certas pessoas. Pelo que percebemos, no dia da manifestação, algumas dessas pessoas, principalmente as mais idosas, passaram a fazer do cuidado dos animais do Parque o sentido de sua existência. E o seqüestro de sentido de uma vida é algo de uma violência inominável com conseqüências imprevisíveis.

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