- “Todos vocês que amam os gatos, lembrem dos milhões d egatos que miam pelos quartos do mundo e depositam toda suaesperança e confiança em vocês”.
(William Burroughs)
Uma vez, eu estava conversando com o Franklin, conhecido defensor dos animais e, de repente, ele interrompeu a conversa e disse:
-Nossa, são tantas horas! Vou embora porque tenho um encontro marcado com um possível adotante lá em casa. Confesso que, na hora, me deu até antipatia: o assunto não tenha terminado, faltava a gente concluir o raciocínio, tomar algumas decisões, etc. Hoje, entendo perfeitamente. Quando alguém marca uma visita para adoção, ela torna-se prioritária sobre praticamente qualquer coisa. O importante é um bom horário para o adotante, para chegar com calma, poder interagir com animal, receber explicações, tirar dúvidas (quando deve castrar? Como o gatinho come? Pode ficar solto nos primeiros dias?). Tudo deve ser feito com muita calma. Afinal, ali, naquele momento, pode estar se decidindo uma parceria que poderá durar dez, até 15 anos (o tempo de vida de um gato bem cuidado, em média). Também temos que nos preparar para algumas decepções: alguns chegam como se estivessem comprando um objeto, um brinquedo. É preciso então alertá-los de que um animal não é um produto, é um compromisso ético. Um gatinho pode dar muitas alegrias - mas pode também preocupações: ficar doente, desanimado. Aí, tem que se levar ao médico, investir algum recurso em sua recuperação. Há os que apenas vêm olhar, conhecer, conferir: às vezes já olharam ou vão olhar outras possibilidades. Compreensível. Tive um casal que chegou, olhou os quatro gatinhos que eu albergava e depois escolheu uma gatinha que tinha sido recolhida e estava muito mal abrigada, em uma caixa, em um posto de gasolina. Muito justo. Fiquei feliz pela gatinha. Mas que me deu sentimento de frustração, ah, isto deu. Mas tem o adotante como a Mariana, que chegou com o pai dela, o Clodoaldo. Muito gentis, pegaram a Estrela, que tem três meses, como o maior carinho. Tanto carinho que, alguns minutos depois, ela já estava dormindo nos braços do pai da Mariana. Contou-me que já alertara a filha o quanto é sério adotar um animalzinho, uma responsabilidade. E que ele já cuida de um gatinho que freqüenta seu ambiente de trabalho. Pai e filha saíram dali prontos para comprar a caixinha de areia, a ração para filhote, a vasilha para comida e água. E tia Cláudia, que havia adotado um gato preto e branco, lindo, Tyler, uns dois meses atrás, veio para dar uma assessoria. Nada de gastar muito com caminha: eles escolhem os mais variados lugares para dormirem (atualmente, em dias de calor, Tyler anda dormindo...na pia!). Esta foi uma noite feliz para quem se dedica a promover este tipo de encontro: o de um ser humano que deseja a presença de um gatinho em casa e de um animalzinho, ainda tão frágil, que precisa de quem lhe estenda a mão para ele sobreviver, em meio a carinhos, por muitos e muitos anos.
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